Por uma questão de trabalho participei da Virada Cultural em
São Paulo, nesse final de semana na noite de 17 de maio desse 2014, justamente
no ano, em que o evento completou dez anos de realização. Sem querer entrar no mérito das motivações dos criadores e
organizadores, penso ser salutar fazer uma reflexão sobre o mesmo, uma vez que
mobiliza milhares de pessoas, equipamentos, veículos, uso de espaços e recursos
públicos de nossa cidade, oriundos de todos nós que pagamos os nossos impostos.
Música, arte, teatro, dança e circo são manifestações
culturais legítimas de povos e culturas na história da humanidade. Evidente que
numa cidade como São Paulo, há um clamor, apelo e necessidade maior dessa
demanda, face às suas peculiaridades – as cidades tem essa característica. Proporcionar atrações artísticas, culturais e lazer ao povo é
plenamente aceitável e, cabe aos governantes esse papel, o que do ponto de
vista político pode ser um capital muito significativo para eles.
Mas, o contraponto nessa reflexão é o preço que se paga, para
proporcionar lazer, cultura e diversão ao povo paulistano e no caso específico
na região central da cidade. A nosso ver, um preço muito alto, uma vez que dada
à grandeza do evento, ele também se torna um convite à prática da violência,
manifestada através de discussões e palavras de baixo calão, arrastões,
assaltos, embriaguez, acidentes pessoais, depredações e vandalismo do
patrimônio público e particular, uso de arma de fogo, consumo de maconha –
ainda não autorizada em nosso país - outras drogas lícitas e ilícitas,
reclamações dos moradores do centro da cidade com o barulho e outros conflitos
que abrangem um acontecimento dessa natureza.
Ver, ouvir, cantar, fotografar, dançar, aplaudir, vibrar,
chorar, pular são sentimentos e emoções, que não tem preço e, quando o fazemos
ou experimentamos ao lado e com pessoas as quais elegemos como ícones e
referenciais em nossas vidas é algo incrível.
Um aspecto considerado por parte da imprensa nos eventos
desse ano foi a diminuição do público
presente, talvez em função dos fatores negativos que citei anteriormente ou até
mesmo pela onda de protestos que permeiam a cidade. Outro aspecto a ser
considerado é incapacidade da sociedade de realizar atos como esse, sem o
consumo de bebidas alcoólicas, que cooperam para comportamentos muito além da
normalidade.
O fato é que nesses dias de tantos protestos, que antecedem a
Copa do Mundo em nosso país, e após ter presenciado alguns fatos lamentáveis na
Virada Cultural em São Paulo, reflito e concluo que não há Virada Cultural e
nem Copa do Mundo, que valha o sacrifício de uma vida humana, afinal disse
Jesus: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
(Marcos 8.36). Assim, até que ponto vale uma Virada?
Marcos Queiroz, pr.
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