Que as novelas da televisão
brasileira estão em queda há tempos, não é segredo para ninguém. Quando achamos
que chegaram ao limite do tétrico, aparece uma de nível ainda mais baixo.A Rede
Globo exibe, desde 22 de outubro passado, o folhetim de Glória Perez, “Salve
Jorge”. A polêmica instalou-se logo e muito comentário alimentou o palavrório na
mídia e nos ambientes eclesiásticos. Precisei ir à pesquisa para entender o
eixo da balbúrdia. A autora tenta conectar a controvertida história de Jorge
(275-303d.C.), conde da Capadócia (hoje parte da República da Turquia),
especialmente o mito “O dragão e a princesa”, onde Jorge teria matado um dragão
ao qual já haviam sacrificado todas as donzelas de Sylén, na Líbia, com
exceção da princesa Sabra, filha do rei do Marrocos e do Egito. Ela
seria oferecida ao dragão no dia seguinte ao da chegada de Jorge na cidade.
Segundo a lenda, Jorge se colocou com seu cavalo à frente do cortejo que levava
a princesa, atacou o dragão e o matou, cravando sua lança no pescoço da fera. O
rei, não querendo que sua filha se casasse com um cristão, tentou armar para
que Jorge fosse morto, mas o mesmo escapou e fugiu com Sabra para a Inglaterra,
onde casaram-se e foram felizes.
No folhetim, a intenção é
reproduzir a saga, numa tentativa de releitura contemporânea. Os temas do
tráfico de mulheres, contrabando de crianças, drogas, prostituição, adultério,
traições, negociatas, dentre outros, são habilmente tecidos visando fazer
emergir um herói-galã que deverá ser feliz com a princesa da novela. Isto
acontece após desbaratar uma quadrilha militante no tráfico de drogas, crianças
e mulheres na ponte Rio de Janeiro - Turquia. Tudo isso, é claro, num caldo de
muita sensualidade, materialismo, egoismo e intrigas, especialidades da
emissora.
No entanto, as situações
problemáticas da novela, envolvendo pessoas nas mais baixas, degradantes e
sujas confusões e tramas, são sórdidas e pérfidas. E ainda há o refrão: “Salve
Jorge!” sendo repetido no início e no final de cada bloco. Isso para sugerir
que Jorge vai intervir e atuar no desfazer de cada nó que Gloria Perez e a
equipe da Globo fizeram. Em geral, tratam-se de situações muito presentes na
vida real, embora no site da novela encontramos a afirmação dizendo: “Esta é
uma obra coletiva de ficção baseada na livre criação artística e sem
compromisso com a realidade”. (Site da novela - http://tvg.globo.com/novelas/salve-jorge/creditos.html).
Irônico, no mínimo. Os rolos e as interações pernósticas e abusivas são tão
vulgares e, ao mesmo tempo, complicadíssimas do ponto de vista das relações
humanas, que a gente fica com pena do Jorge. Se ele tiver que agir em cada
bagunça da novela, tadinho dele. Será feliz se ao menos conseguir que toda sua
reputação de herói não caia por terra.
Que a podridão das telenovelas
não invada a vida dos brasileiros, uma vez que as mesmas já lhes invadiram os
lares! Diz a história que Jorge foi um cristão exemplar, que jamais negociou
suas convicções cristãs e nunca abriu mão de sua fé em Jesus. Tornou-se
mesmo um mártir, por recusar negar sua fé em Cristo. Tomara que
este folhetim não apague o que há de bom na biografia do conde da Capadócia.
Que Deus salve o Brasil do Jorge
da saga e que o Jorge da história seja salvo das
garras do folhetim bestial, já
que não o conseguiu ser da crendice popular alimenta por Roma.
Pr.
Lécio Dornas - Coordenador do Ministério Brasileiro da American Bible Society,
nos EUA e Segundo Secretário da Convenção Batista Brasileira.
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