segunda-feira, 2 de março de 2015

IMPEACHMENT JÁ???

Compartilhamos artigo do Pastor Lamartine Posella para nossa reflexão, em face do que ocorre em nosso país no atual cenário político, econômico, ético e social. 

Como os cristãos devem abordar a Política nos nossos dias?

Frequentemente tenho sido arguido a respeito do papel dos cristãos na política; especialmente nesses dias em que a nossa participação é tão relevante.
Para levá-los à reflexão, gostaria de propor algumas abordagens históricas defendidas por cristãos, e por meio delas, suscitar o debate, como também propor algumas ideias fundamentais para a discussão nesse importante tempo em que vivemos no Brasil.


1- A abordagem de Cristo acima da cultura:
Neste jeito de pensar, a Igreja precisa ter o poder acima do governo. Essa visão teve o seu apogeu no tempo do “Santo Império Romano”, quando a realeza se dobrava diante do Papa, e não vice-versa. Ainda que alguns cristãos defendam essa idéia, ela contém em si mesma o vírus do fracasso, pois, em vez de termos o senhorio de Cristo sobre a nação, podemos promover a corrupção, a incompetência, a tirania eclesiástica, além de muitos outros sintomas de uma sociedade que se enferma quando é dominada por homens que se valem do nome de Cristo para fins escusos em vez de se tornarem instrumentos da sua vontade.


2- A abordagem dos anabatistas:
Os anabatistas foram povos puritanos que se opuseram a praticamente tudo o que a cultura oferecia. A abordagem deles poderia ser resumida como “Cristo contra a cultura”. Acreditando que os cristãos deveriam ser diferenciados em tudo, propuseram uma contracultura, na qual deveriam ser conhecidos por suas diferenças, levando-os, portanto, a uma alienação completa da sociedade. Essa abordagem, ainda que de maneira mais tênue, tem influenciado grande parte do mundo cristão no Brasil, quando muitos, mesmo que sinceramente, defendem que devemos nos excluir de todo e qualquer tipo de envolvimento político. Com isso, relegam a condução dos nossos destinos aos corruptos que se embriagam com a sedução do poder, quando deveríamos lutar por um país mais justo, socialmente mais digno e sobretudo com menos corrupção.


3- A abordagem de Calvino:
A abordagem de Calvino foi adotada pelos puritanos na Inglaterra e nos Estados Unidos, propondo que todos os cristãos são chamados por Cristo para transformar a cultura. Calvino afirmava que, embora a humanidade esteja corrompida em função de sua natureza decaída, cristãos deveriam trabalhar para transformar os pilares da sociedade, trazendo-a o mais próximo possível dos padrões de Cristo. Esta é, na minha opinião, a postura a ser tomada pelos cristãos brasileiros. A história nos conta que Calvino influenciou toda uma geração, alcançando avanços extraordinários na sociedade do tempo dele.


4- A abordagem dos luteranos, também chamada de “Cristo em paradoxo com a cultura”:
Lutero dizia que há dois tipos de reino na Terra: Cristo e o reino do mundo. Cada um tem a sua esfera de autoridade, e nós somos sujeitos a ambos. Para ele, algumas vezes o governo pediria aos cristãos que agissem contra a sua lei moral, trazendo os dois reinos para um conflito. O problema desse modelo é que muitos soldados alemães luteranos participaram da maior barbárie da história, o holocausto, justificando que estavam simplesmente obedecendo ao reino secular.
Acho que esse é o mesmo pecado cometido por muitos cristãos nos nossos dias, quando defendem todos os desmandos do governo, simplesmente porque acreditam que se alguém foi investido de autoridade por Deus, então devemos obediência cega a quem quer que seja.


5- A abordagem que identifica Cristo com a cultura:
Essa abordagem pode assumir várias formas, que vão da Teologia da Libertação, que mistura teologia com política, até a visão dos secularistas, que veem a democracia liberal e a justiça como o cumprimento daquilo que Jesus ensinou. O problema com essa abordagem é que com o tempo a fé vai dando lugar às reformas sociais, que se tornam mais importantes do que as mudanças interiores apregoadas por Cristo. Justiça social sem a justiça interior é inexequível.

A verdade é que a história prova que se não houver a transformação interior do homem, a corrupção e o despotismo acabam prevalecendo sobre os sonhos e as ideologias.
Tome-se como exemplo a história recente do Brasil. No jogo das cadeiras dos partidos, saiu o PSDB e entrou o PT no governo da nossa nação.
Ainda que haja diferenças de “approach” entre os dois partidos, o velho pragmatismo do poder acaba vencendo.
Agora, falando de hoje, como pode um partido que se diz democrático apoiar todos os governos totalitários do nosso tempo? Me refiro a Cuba, Venezuela, Bolívia, dentre outros apoiados pelo PT.
Não seria natural que um partido que se diz democrático tivesse transparência na averiguação das denúncias da Petrobras?
Não pensem que, com isso, eu tenha a convicção de que o impeachment seja a melhor solução para o Brasil. Afinal, não se esqueçam… Sairá o PT e a nossa nação ficará entregue ao PMDB e ao seu pragmatismo.
Entretanto, nosso povo precisa acordar. Precisamos entender que esse é o tempo do povo brasileiro, e especialmente me dirijo aos cristãos. Que deixem para trás o comportamento subserviente, protestem contra a corrupção de quem quer que seja, lutem para que todo aquele que alcance postos de liderança seja modelo de integridade e justiça e, sobretudo, não esteja acima da Lei.
O tema está lançado. Creio de todo o meu coração que no debate das ideias a maturidade virá para o nosso povo.
Enquanto isso, vamos orar muito, mas também agir.



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